
"Como Estrelas na Terra"

O filme "Como Estrelas na Terra" foi visualizado no contexto da aula de Sociologia da Educação e retrata a vida de uma criança com dislexia que sofre de violência psicológica e, muitas vezes física, por parte dos colegas e professores, que o consideram menos capaz e menos inteligente, uma vez que não corresponde à expectativa criada pelos adultos.
De facto, a criança na escola tem grandes dificuldades em acompanhar os conteúdos que são lecionados de uma forma muito tradicional, ou seja, expositiva em que os alunos estão sentados a ouvir o que o professor tem para transmitir. Depois de muitos incidentes, o aluno foi para um colégio interno onde conheceu novos colegas e professores e tudo mudou quando chegou um professor substituto, que ficou incomodado ao ver a criança sempre tão deprimida e sem falar, ao contrário da restante turma. Tudo neste professor era diferente: as suas aulas eram divertidas, passadas a cantar e com fantasias e notava-se a grande discrepância com as restantes aulas, mas nem isto cativou Ishaan.
O rumo desta história muda quando o novo professor se começa a interessar pela criança e tenta perceber o que é que se passa com ela, acabando por compreender que esta sofre de dislexia; este reconhecimento foi possível pois o próprio professor sofria do mesmo distúrbio. Em conversas com os pais do menino, o professor apercebe-se do talento e do interesse que ele tem em desenhar e pintar e decide explorar esta vertente, para que este consiga expressar-se e compreender conteúdos abstratos de outras áreas do saber, como os números e as palavras.
No que respeita a este filme, há vários aspetos relevantes sobre os quais se deve refletir, mas é de destacar o facto das expressões serem constantemente desvalorizadas em detrimento de outras áreas que se consideram mais importantes e úteis para que uma criança se torne "alguém"; a questão que é completamente esquecida é que uma criança já é alguém, é um ser humano com vontades e com sentimentos, e no caso de Ishaan, que era uma criança com grande sensibilidade para observar o ambiente que o rodeava, estas vontades não eram tidas em conta já que o que era relevante para os professores eram as disciplinas das línguas e da matemática.
O que este filme nos mostra é que as expressões podem ser essenciais para uma criança se desenvolver, quer a nível pessoal quer cognitivo, pois estimulam a criatividade, a autonomia, a sensibilidade e a capacidade de observação, que permitem muitas vezes a uma criança ter um melhor desempenho na sua vida e compreender conteúdos científicos através da exploração da sua imaginação, nomeadamente em crianças que até podem ter algum tipo de limitação, seja ele qual for.
Na verdade, as expressões fazem parte do currículo mas são bem mais importantes do que parecem. A arte, a imaginação, a exploração... Tudo isto são sinónimos de vida e quando uma criança mostra sensibilidade à vida, ela observa, e por isso deve dar-se atenção a essa sensibilidade. É importante romper a imagem da "escola clássica", promovendo todas as formas de expressão, seja ela escrita, seja uma pintura, seja a dança, o teatro, a música, ou até mesmo o uso dos números.
Em suma, as expressões podem ser o caminho para a superação de uma dificuldade, tanto do foro emocional, como escolar e devem, por isso, ser valorizadas.