
Flexibilidade Curricular

A Flexibilidade Curricular traduz-se numa interdisciplinaridade que tem como objetivo potencializar o desenvolvimento do aluno e a participação numa comunidade diversificada e múltipla. Desta forma, esta interdisciplinaridade passa por incluir os conteúdos de umas áreas científicas noutras e, assim, flexibilizar a educação e a forma como se aprende; de facto, é esta dinâmica que fornece ao aluno a possibilidade de não criar uma falsa conceção de que as áreas científicas são estanques e que não relacionam. Na verdade, há muitas maneiras de incluir o fator social na educação e na aprendizagem, uma vez que a criança, na escola, apenas está a desempenhar um dos seus papeis, ou seja, a criança tem uma vida para além da escola que deve ser valorizada e apreciada. Esta noção de multiplicidade de conceitos prova que a escola se insere numa comunidade e que a criança tem o poder de decidir o seu futuro e o desempenho que pretende ter. Visitas de estudo, apresentações dadas por pessoas com importância local, aulas de campo, todas estas situações mostram que se a vida não é altamente estruturada, porque é que a escola tem que ser? Porque é que o aluno é obrigado a estar 50 minutos sentado numa cadeira a ouvir uma aula expositiva se, no final da escolaridade, pensa sempre que não sabe quando é que, na vida, vai aplicar o que estudou?
As expressões podem ter a função de “cola” quando este problema se coloca: o movimento do corpo, a exploração da arte e da escrita, o poder da voz… Todos estes aspetos potenciam a capacidade de comunicação do aluno e de pensar criticamente sobre o mundo que o rodeia, tendo sempre em conta o valor da sua educação e da construção de conhecimento, mediado por um conjunto de professores que são capazes de ampliar a visão do aluno e de o motivarem a querer conhecer mais sobre o mundo e sobre a sua função de cidadão.
A voz de um aluno tem um poder inimaginável e é extremamente valiosa quando se trata destes temas. Como é que um conjunto de adultos pode decidir o percurso de uma criança, tirando-lhe toda a autonomia e independência? É da máxima importância “pôr as cartas na mesa”, ou seja, não ocultar qualquer oportunidade que possa surgir, por muito diferente e alternativa que possa parecer. Aqui entra a flexibilidade curricular e a inclusão de todos os conteúdos, interligando-os, usando as tecnologias – inevitáveis, atualmente - que incentivam a dinâmica escolar, apresentando a arte e a cultura, o uso do corpo para a expressão, como foi referido anteriormente, tudo isto enquanto se promove a inclusão social e a diversidade.
Assim, de forma a dar vida a esta reflexão, partilhamos aqui uma entrevista realizada a Bárbara Oliveira, licenciada em Artes Plásticas e mestre em Ciências da Educação. Como ex-dirigente de um Espaço de artes para crianças e jovens, Bárbara traz-nos um novo olhar sobre o que é a expressão artística, com as suas mais variadas formas, e como é que é vista, em Portugal, pelos adultos. Para isso, colocamos-lhe as seguintes questões, orientadoras do discurso:
- Poderia explicar um pouco mais em que consistia o Espaço de Artes BB Arte e Educação e o seu funcionamento?
- Como alguém que já dirigiu um Espaço de Artes, sente que os jovens aderem com facilidade às expressões ou ficam reticentes, céticos até, em relação à importância das expressões na sua vida e desenvolvimento?
- Qual a sua experiência sobre o significado das artes e da Educação e Expressão Artística? O que significa a Expressão Artística para si?
- A falta de investimento na área das expressões artísticas significa que os adultos, os educadores, políticos... Não compreendem que o ser humano é um ser expressivo e que precisa confiar ao desenho, à música, à voz, ao movimento o que não consegue expressar pela escrita?
- Porque será que, na escola, a expressão artística não é valorizada da mesma forma como as outras áreas?
Referências: Projeto Autonomia e Flexibilidade Curricular - http://afc.dge.mec.pt/pt/apresentacao