top of page

A pegada que deixaram em nós

         Desde o primeiro ano da escolaridade sempre estive muito ligada às Atividades de Enriquecimento Curricular e participei em clubes que a escola disponibilizava. Para além disso, durante o ensino primário, a escola que frequentei disponibilizava rádios para os alunos, nos intervalos, poderem estar a ouvir música e, com a supervisão das assistentes operacionais, os alunos passavam os momentos em que não havia aulas a dançar e a interagir uns com os outros! As memórias que guardo desses momentos são preciosas e, apesar de não ser algo intencional, ou seja, não ser uma atividade estruturada e com um professor orientador, a direção da escola entendia que era muito mais agradável para os alunos terem equipamentos à sua disposição para se expressarem e criarem atividades que vinham das suas necessidades.

         Mais tarde, já no sexto ano de escolaridade, frequentei um Clube de Teatro que me ocupou muitas e agradáveis tardes durante um ano para, no fim do ano letivo, no verão, apresentarmos a todos aqueles que queriam ver. Foram momentos de muito crescimento pessoal, honestamente, uma vez que muitos dos alunos que participaram eram mais velhos e os professores que orientavam eram de muitas áreas distintas. Todos nós partilhávamos um gosto muito grande pela representação e sempre demos muito de nós para que o projeto final correspondesse às expectativas que fomos criando ao longo de todo o ano… E conseguimos! Foi um ano muito comprido e preenchido, dei muito de mim e convivi com muitos amigos que, de outra forma, nunca teria tido a oportunidade de conhecer. São estes momentos que permitem que o ser humano cresça e se exprima de uma forma mais saudável e construtiva.

         De forma a concluir a minha reflexão, partilho aqui um dos trabalhos mais divertidos e gratificantes que tive de realizar: um fóssil. Foi numa aula de Ciências da Natureza que surgiu esta ideia, a docente pediu que representássemos um fóssil de uma forma criativa e diferente, tendo sempre em conta os conteúdos estudados sobre esta temática. Após pensar sobre a forma como queria apresentar este projeto, falei com a docente de EVT e foi-me aconselhado um modelo 3D. Resolvi usar pasta de moldar, tintas de areia e construí, com o auxílio dos meus pais, um modelo muito engraçado e diferente! Foi, sem dúvida, uma forma extremamente alternativa e dinâmica de estudar um conceito e de explorar a arte como forma de criação de algo.

      Em suma, todos estes pequenos momentos ao longo de uma vida provocaram, em mim, um gosto por querer diversificar quando me é proposto um projeto e ter a noção de que é bem mais gratificante ter liberdade para realizar algo que potencializa a minha construção de conhecimento. Com estes exemplos de muitas das atividades artísticas que realizei, espero ter trazido um outro olhar sobre o que pode ser uma educação livre e que permite, ao aluno, ter poder de decidir quais as ações que pode realizar em prol do seu próprio desenvolvimento.

- Ana Isabel Oliveira

         O percurso escolar de cada um é único, apesar de haver os mesmos conteúdos programáticos, um programa similar, cada experiência é única. Tendo frequentado o jardim de infância, tenho uma experiência mais longa do que quem entrou para a escola no primeiro ano. No infantário era muitos os momentos de brincadeira, penso que, se a memória não me atraiçoa, era a única coisa que fazíamos, além de comer e descansar na hora da sesta; pintávamos, construíamos coisas, fazíamos jogos, íamos à piscina, fazíamos e assistíamos a teatro de fantoches, produzíamos imensos presentes e materiais alusivos a datas especiais, como o Dia do Pai, Dia da Mãe, Dia da Criança, o Natal… Além disso também saíamos muito, uma vez que tínhamos o Parque da Cidade muito próximo de nós! Era uma altura de exploração e brincadeira puras, os joelhos estavam ralados, mas a imaginação estava ao rubro.

        No entanto, depois do início da escolaridade obrigatória, estes momentos dedicados às expressões e à vivência de aprendizagens pela prática e pela experiência, tornaram-se cada vez menos frequentes. No primeiro ciclo ainda se mantinham, pelo menos nas datas mais marcantes, mas a partir do segundo ciclo a escola não criava condições para as acrianças alargarem horizontes e abrirem as asas. A expressão motora caía sobre a Educação Física, bem como a Expressão Musical, que por sua vez, eram ambas AEC, o que se traduzia num caráter não obrigatório, claro, mas que não estava disponível de forma integrada no percurso e organização programática. Já ao longo do segundo e terceiro ciclos, a experiência era menor, mas havia momentos em algumas disciplinas em que pela prática, explorávamos conteúdos abstratos, que víamos ganhar concretização real e válida, como acontecia em Ciências com projetos, trabalhos de grupo; ainda assim, eram raros os momentos em que isto acontecia.

         É de salientar, no entanto, que a forma como construí as minhas aprendizagens ainda pequena influencia o que penso e a forma como me manifesto ainda hoje, pois desde criança que adoro ler e expressar-me através da escrita, tendo realizado múltiplas “trabalhinhos” desde os seis anos de idade, que foram fundamentais para me ajudar a crescer e a desenvolver a imaginação, a conhecer as emoções, a relacionar-me com os meus colegas e a ser mais eu. Assim, considero que as expressões são uma forma de vida e tenho pena de, ao longo do meu percurso escolar, não ter tido a oportunidade de explorar mais a expressão da minha vida, logo atento na importância da criação de ambientes ricos para que as crianças possam conhecer e desenvolver conhecimento apoiando-se na arte e no que esta lhes pode dar! 

- Catarina Ribeiro

© 2023 por Pré-escola Pequeninos, Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page